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quinta-feira, 31 de julho de 2008

da utilidade da arte

Disseram-me em tempos na escola, andava eu no Secundário a descobrir o novo e fascinante mundo das artes, que o que distingue a arte de outras manifestações humanas é a utilidade - a ausência dela. Não fiquei completamente convencida... embora percebesse o sentido da frase, não podia concordar com o seu conteudo. Para mim a arte (de escrever, desenhar, construir ou até mesmo de bem respirar...) é um valor essencial à vida. Rapidamente percebi que o ensinamento não pretendia desvalorizar a manifestação artística, mas sim colocá-la num nível superior, separando-a da banalidade. Talvez sim... mas às vezes para criar é preciso estarmos distraidos. Nunca criei para ninguém senão para mim própria, porque isso me ajudava a desenvolver a minha percepção do mundo - o que me rodeava e aquele que encerrava dentro de mim. Nunca senti a necessidade da divulgação, daí que a única utilidade que aí encontrasse fosse a expressão artística por si mesma e as sensações por ela transmitidas. A arte não tem a utilidade como objectivo, mas sim, eventualmente, como acessório. Então percebi que é precisamente essa inutilidade de bem não essencial à sobrevivência humana que torna a arte tão importante - apoiado nela o mundo avança e torna-se mais aceitável aos olhos dos eternos insatisfeitos como eu.

Quando anos depois, já na Faculdade, li a frase reveladora de Marguerite Yourcenar que inspirou o nome do blog, reconfortou-me saber que não sou a única a ter consciência de que as coisas mais importantes são as menos óbvias e provavelmente as menos úteis... - aquelas que fazemos por intuição e que, mesmo parecendo inúteis (como a tal arte maior que não nos paga as contas, mas alimenta a alma), nos fazem sentir mais vivos, contribuindo para nos manter em constante evolução. Porque fazermos, nem que seja só para nós próprios, algo que nos faz sentir bem pode ser suficiente para justificar a nossa presença no mundo.

Decidi divulgar aqui alguns desses fragmentos, mais ou menos pessoais, mais ou menos artísticos, tentando libertar-me do medo da exposição e passando do acto intimista de criação à sua divulgação e partilha. Espero assim conseguir ultrapassar a mera dimensão útil da vida rotineira do dia-a-dia.

Sejam bem-vindos.

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